Edgard de Vasconcelos Barros |
Nasce em Guiricema, cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, em 31 de dezembro de 1912, filho de Sebastião de Vasconcelos Barros, farmacêutico, e de D. Maria Graça de Vasconcelos, sobrinha do ex-Presidente da República Arthur da Silva Bernardes. Casa-se com D. Irene de Vasconcelos Barros, e da união nascem seis filhos.
Forma-se Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais na então Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1938. Na Universidade de Wisconsin, nos EUA, obtém o título de Master of Science em Sociologia Rural, em 1955, com a tese Differential contacts among welfare services in four Brazilian communities within a rural-urban situation. Em 1958, conquista o título de Doutor em Sociologia Rural, em brilhante concurso para professor catedrático da UFV, quando defende a tese “O problema da liderança”. Em 1964, na Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, faz o curso de especialização em Planejamento e Desenvolvimento Rural. Em 1967, atua como professor visitante da Universidade de Milwaukee, nos EUA, e faz viagens de estudo a diversos países (México, Jamaica, Guatemala, Itália, Honduras, Holanda, Portugal, França, Bélgica, Egito, Irã, Iraque etc.). Todos esses estudos, essa vasta atividade, dão-lhe profundos conhecimentos em sua disciplina preferida — a Sociologia Rural.
Suas atuações professorais revelam sua vasta formação cultural. Na UFV, leciona Sociologia Rural, Antropologia Social, Relações Humanas e Estrutura Agrária Brasileira; na Universidade Federal de Minas Gerais, ensina Antropologia Cultural; na Escola Normal Nossa Senhora do Carmo, em Viçosa, Sociologia Educacional e Filosofia Educacional. Atua, ademais, como professor de vários cursos intensivos para extensionistas rurais; de Sociologia do Trabalho, na Fundação Educacional para o Trabalho; de Sociologia Educacional, patrocinado pela Diretoria de Ensino do Exército Nacional; consultor para assuntos educacionais da Fundação Helena Antipoff, em Ibirité, MG; e presidente da Companhia Nacional de Escolas da Comunidade.
Exerce diversas outras atividades relevantes, sobressaindo as seguintes: deputado estadual e presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, durante oito anos; diretor técnico do Instituto Estadual de Florestas; presidente da Fundação Pandiá Calógeras; membro do Conselho Estadual de Cultura de Minas Gerais; membro do Conselho Curador da Ultramig; coordenador de grupo, no Congresso Internacional de Criminologia, realizado em Londrina. Na Comarca de Viçosa, exerce a advocacia, de 1938 a 1950.
Faz pesquisas de campo sobre Quatro Comunidades Rurais, em colaboração com o professor John H. Kolb, da Universidade de Wisconsin, em 1950; Problema do Incesto no Brasil, em colaboração com a Dra Ellie Greenfield, em 1952; Estrutura Agrária da Zona da Mata Mineira, em colaboração com o professor Sidney Greenfield, da Universidade de Milwaukee, em 1956; Quatro Comunidades no Estado do Rio de Janeiro, com o professor Archie Haller, da Universidade de Michigan, em 1962; Posição da Mulher e o Processo da Socialização da Criança, na tribo dos Náibes, no deserto de Neguev, em Israel, em 1964; Problema da Mobilidade Rural do Homem da Zona da Mata Mineira, com o professor John Steel, da Universidade de Wisconsin, em 1972; Escola Típica Rural da Zona da Mata Mineira, em 1976; Problema da Participação Social dos Camponeses nos Assentamentos de Honduras, em 1978; Problema da Nutrição do Agricultor de Santa Catarina, em colaboração com Elisabeth Alves, em 1980; e outros.
Escritor prolífero, o professor Edgard expõe toda sua erudição em inúmeros artigos, poesias e livros. No jornal Estado de Minas publica centenas de artigos sobre temas educacionais, sociais, políticos, econômicos, rurais e literários. Em Seiva, revista dos discentes em ciências agrárias da UFV, divulga suas poesias. Publica ainda os livros O problema da liderança, em 1959; Sociologia Rural, em 1977; e Princípios de Ciências Sociais para a Extensão Rural (1994).
Advogado, sociólogo, escritor, poeta, professor e político, o professor Edgard é um dos criadores da Revista Ceres, que dirige, de 1939, quando sai o primeiro número, até 1944.
Participa de bancas examinadoras de concursos para professor e orienta diversos estudantes pós-graduados da UFV, no campo da Sociologia Rural. Coordena, também, o curso de mestrado nessa área.
Pertence às seguintes entidades: Academia Mineira de Letras, Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, Academia Divinopolitana de Letras, Academia Marianense de Letras, Academia de Letras de Viçosa, Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Instituto Genealógico Brasileiro, Ordem dos Advogados (Seção de Minas Gerais).
Os méritos do professor Edgard não passam despercebidos, e ele recebe inúmeras e merecidas distinções, incluindo a Grande Medalha da Inconfidência (1965); Medalha de Honra ao Mérito do Município de Visconde do Rio Branco (1968); Grã-Cruz da Ordem dos Templários (1974); Medalha do Centenário de Carlos Chagas (1979); Comenda do Mérito Legislativo, Grau Especial (1986); Medalha do Lions Clube de Viçosa (1989); Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (1986); Medalha de Homenagem da 91a Subseção da OAB de Minas Gerais (1993); Medalha de Ouro Santos Dumont (1996); Professor Emérito da UFV (2001); e outras.
Falece em Belo Horizonte, em 31 de maio de 2003. Seu passamento representa enorme perda para o País, especialmente para Minas Gerais. Seu nome está eternamente inserido na história da Universidade Federal de Viçosa, instituição que ajudou a consolidar e onde lecionou por muitos anos, servindo, por sua competência, operosidade, erudição e civilidade, como exemplo para docentes, discentes e funcionários.
Clibas Vieira e
Gilson Faria Potsch Magalhães
Janeiro de 2009 |
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